Que quando houver ausência de mim mesmo
Que eu negue o mal caminho
Que eu fique sozinho, murmurando, chorando
Que quando houver ausência de mim mesmo
Que eu não deixe a cólera ser nefasta
Que eu não perca as minhas memórias
Que eu apenas olhe a pessoa que se afasta, sem a ela ofender
Quando houver ausência de mim mesmo
Eu não serei eu, eu sei, mas espero ainda existir
Que aja os olhos desejando sempre o mesmo fim
Espero não precisar temer a mim
Que quando houver ausência de mim mesmo
Eu não dilua os sonhos construídos
Eu não quero ver no espelho o rosto que não reconheço
Quero ainda ser eu, quero ainda ser o que pareço
Que eu não olhe para trás e veja desejos destruídos
Que eu não negue o futuro, que eu me mantenha no presente
Que eu não fique me negando para legitimar a derrota
Espero não me perder, espero não parecer, monstro
Que quando eu estiver caído
A Bússola seja o sorriso
Para que eu não fique eternamente perdido
Que com minha perna de pau encontre o tesouro
Para então colher, os louros da vitória
Que quando houver ausência de mim mesmo
Eu tenha a coerência de olhar ao lado
E ver minha história ainda desenhada no muro
Que quando houver ausência de mim mesmo
O uro seja de libertação e não de ódio
Que a lágrima seja de saudade
E não de vontade de manter o que era erradio