domingo, 24 de fevereiro de 2013

Eu vou morrer


Eu vou morrer, morrer
Restará algo
Espero
Quero
Irei morrer
Mas não me desespero
Vivo se fica enquanto houver alguma memória
Estarei vivo ainda nos poemas
Nos dilemas cá escritos
Algum dia eu quis
Algum dia sonhei
Agora apenas escrevo
Não se pode calar as palavras
Se elas forem bem gravadas
Não se pode matar as letras
Se elas forem escritas de amor

E se restar de mim apenas isso?
Estarei em paz
É assim que a vida se faz
Com pequenas marcas em grandes lugares
Ou vice-versa
Ou nada
Mudei a ideia
Agora
Não pode ser assim a vida
Ou sim?
Não pergunte isso a mim
Não sei
Morrei sem saber responder o que é a vida
Morrei sem saber de nada

Antes de morrer
Eu queria ao menos saber, de que tamanho eu fui
Queria ao menos saber qual meu tamanho
Grande? Pequeno?
Remédio ou veneno?
Queria saber se mudei algum rio
Queria antes de morrer saber das coisas além do que escrevi
Se fez algum sentido minhas palavras
Queria saber de tudo que gravei em alguma pele
Saber para onde iriam as coisas se eu não existisse
Aos mesmos lugares!
Estariam iguais...
...As ruas, vilas...
...Os seres, os olhares...
Eu vou morrer
Apodrecer, como todos
Todos os tolos

E assim esperando a podridão
Vou escrevendo
Gravando no escuro as palavras
Escrevendo sem de nada saber
Nem do meu tamanho
Da importância
Ou da distância
Do alfa e omega
Pode ser breve
Pode ser infinito
Pode acabar e continuar eterno

E assim vou acabando
Escrevendo pequenas coisas
Se comparadas aos montes
Ou mesmo aos gigantes
Ou a tudo que poderia ter sido.
A vida
E todo seu poder










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